Modos de Ver (Documentário)

     O documentário "Modos de Ver" suscita em seus telespectadores uma nova visão sobre as inovações tecnológicas em relação às artes, mais especificamente às pinturas. Numa visão geral, critica-se o papel desvalorizador e modificador das reproduções que a câmera é capaz de fazer de uma mesma obra e em larga escala. De fato, os processos de industrialização e desenvolvimento da imprensa corroborou o acesso quase irrestrito da população às exposições que ornamentam diversos museus e outras instituições por todo o planeta. Sendo assim, não é necessário mais o deslocamento ou a lotação de ambientes demarcados para se admirar um exemplar de Da Vinci ou de Van Gogh. O problema, entretanto, se dá na perda dos valores culturais que as obras originais sofrem, dando lugar ao caráter comercial de suas cópias reproduzidas; o que também impede a visualização detalhada e instruída das pinturas, por exemplo, que, se vistas em ângulos diferentes, podem trazer uma manipulação de seu verdadeiro significado. O processo de reprodução das pinturas também restringe a visão da dicotomia entre a imobilidade e o silêncio (de uma tela num museu) e a velocidade e os ruídos de uma música (em livros, em telas negras). Diante dessa discussão, surgem alguns questionamentos:

1. A partir de que ponto o uso das câmeras e das reproduções de obras artísticas é realmente necessário para a acessibilidade da cultura de outros lugares por pessoas que não têm condições de visitar os originais?

2. Existiria alguma forma de se associar o uso racional e o uso comercial de uma reprodução de determinada obra?

3. Se a descrição de uma pintura geralmente não está presente nas reproduções e das réplicas da mesma, como evitar que sejam criadas, na apreciação da imagem, interpretações diferentes da intenção do pintor no momento de produção da obra?

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