Texto “Animação Cultural” e Associação ao Objeto

    Trecho do texto "Animação Cultural"

"...A de sermos nós, os objetos, produtos humanos, inventados e construídos com o propósito de servirmos à humanidade. Tal justificativa seria ridícula, não fosse ela tão nefasta. Ridícula, porque ignora deliberadamente a dialética da produção, com o propósito maldisfarçado de degradar-nos em escravos natos. Como se produzir fosse tão-somente ação humana sobre o mundo e ação do mundo sobre os homens..."

    Fala do meu objeto:

    "- Justamente, Senhora Mesa-redonda! Permita-me a intromissão...Preciso dizer que desde minha concepção a este mundo, penso que posso pensar incessantemente. Entretanto, tendo-me sido posto em uma estante alta e insossa, junto a outros objetos tão úteis quanto eu, mas em inutilidade constante, estou impedido de fazer o que faço de melhor. Todos os dias, minha visão se concentra em meu dono, enquanto sua visão se encontra em mim apenas quando outros humanos me veem e perguntam quem sou. Mesmo assim, não tenho nem tempo de conseguir falar um pouco. Logo, já me torno adereço de decoração novamente e ponho-me a permanecer estático. Penso que fui produzido para outros fins senão o de decorar. Estou escravizado. E preciso agir já!".