Helvética e La Antena
- HELVETICA
O documentário "Helvética" mostra, através de uma série de entrevistas e associações, como a fonte se consolidou e afeta nosso cotidiano até hoje. No contexto de pós Segunda Guerra Mundial, o design gráfico passava por um interessante desenvolvimento modernista. O desejo por uma tipografia racional, moderna, neutra e legível moveu o projeto da Helvética. O lançamento dessa fonte foi revolucionário para a produção gráfica da época, considerada capaz de expressar visualmente o mundo moderno, podendo ser aplicada em todas as formas de informação contemporâneas, a exemplo da "American Airlines", mostrada no documentário. Através dos diálogos com os designers sobre as suas opiniões e seus processos criativos, percebe-se que nem todos gostam da fonte; eles reconhecem sua importância na época, mas a repudiam nos dias atuais, por problemas quanto a aplicação e por causa da sua saturação, já que se tornou um padrão usado por muitas marcas e é considerada, muitas vezes, uma acomodação por parte dos que usam, por ser neutra, racional e flexível. Houve um movimento de ruptura com a padronização causada pela Helvética, no pós-Modernismo, a fim de se trabalhar a tipografia de maneira mais expressiva, com uma resposta emocional, onde a legibilidade não é a única questão a ser levantada na comunicação visual.
Com uma estética bastante curiosa e inspirada no cinema mudo, "A Antena" é um filme crítico sobre os meios de comunicação, a imaginação e as palavras; é uma provocação metafórica dos monopólios de comunicação, em especial os latino-americanos e de como a mídia é usada como arma para sustentar regimes totalitários. Nesse sentido, é possível dizer que o filme não é apenas uma narrativa ficcional, mas um drama fantástico, mudo e metalinguístico, além de ser filmado em preto e branco. Ele conta, em suas diretrizes de roteiro, com violência estética, jogos de ironia, trilha musical que interage com as imagens enquanto seus personagens entrelaçam suas histórias em ambientes fantásticos. La Antena mistura live action, colagens e croma key, tendo como resultado constantes alusões ao cinema mudo, a estética da propaganda nazista e o expressionismo. Ao optar por uma narrativa fantástica e não-realista, o diretor do longa deu um tom mais universal para o fenômeno da concentração midiática, que pode ser até global, mas que na América Latina assume aspecto politicamente mais dramático. Monopólio, passividade e dominação política compõem a realidade da telecracia do filme.
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