Imagem Televisiva e Espaço Político - Vilém Flusser

     A referente palestra mostrou-se muito importante para reflexões acerca do papel da imagem televisiva e da escrita linear no espaço político/público. É necessário perceber a relação espaço-temporal que o palestrante propôs, tendo em vista o antes da invenção da escrita, quando os desenhos representativos em pedras, chão etc. contavam a realidade dos povos da época, até seu surgimento mais arcaico, início do processo de registro formal dos eventos e fenômenos. Ainda que a imagem tenha sido substituída quase completamente pela escrita, há seu retorno na intenção de ilustrar os textos, ou seja, de trazer sentido visual ao raciocínio político. Entretanto, começa aqui uma discussão que se relaciona com os limites e as liberdades proporcionadas pela imagem e, em seguida, pela fotografia. De acordo com Flusser, a imagem mostra apenas acontecimentos, provenientes do acaso, sem causa nem efeito, restritos a determinado ponto de vista privado. A fotografia, por sua vez, designa, originalmente, um aspecto político, voltado para questões internas e, de certa forma, objetiva. Todavia, o fotógrafo que se distancia da esfera política acaba se deparando com pontos de vista variados e fortemente distintos, o que configura uma espécie de diversidade conflituosa. Nesse sentido, diz-se que houve uma Revolução da Informação: se antes a informação era concebida em espaços públicos e era necessário sair do espaço privado para acessá-la, agora espaços privados se interligam, tornando o público ordinário, quase alienante. Em suma, a fotografia, em vias de ilustrar uma questão política, acabou ilustrando milhares de questões de milhares de fontes diferentes, deparando-se com um universo tão quanto ou mais subjetivo que a própria pintura. Diante disso, proponho três questionamentos que incitem outras reflexões:

1. Uma cena tem o poder de, satisfatoriamente e de forma verossímil, descrever um fato do passado?

2. Até que ponto uma imagem deve reproduzir de maneira fiel a realidade? 

3. Comparativamente, a escrita possui poder maior de descrição e detalhamento que a imagem? Se sim, qual seria o sentido do ditado popular: "Uma imagem vale mais que mil palavras"?

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